sábado, 19 de dezembro de 2015

Professores contam como usam redes sociais e aplicativos em aula


Olá, educador!


Uma das coisas que mais empolgam quem acompanha práticas inovadoras na Educação é ver docentes usando criativamente ferramentas do dia a dia com suas turmas. Isso mostra que, de maneira relativamente simples, é possível inovar com o que temos à mão – e isso inclui redes sociais, muitas vezes consideradas grandes concorrentes pela atenção na sala. Para inspirar você a tentar algo parecido – adaptando às necessidades e às características de seus alunos –, apresento cinco histórias bem-sucedidas de professores que usaram Facebook, WhatsApp, Instagram e YouTube nas aulas.
Facebook Renascentista
O professor de História Pedro Henrique Castro, do Colégio Pensi, no Rio de Janeiro, usou o Facebook com as turmas do primeiro ano do Ensino Médio. Os alunos deveriam se dividir em grupos para criar e administrar perfis de personalidades do Renascimento, como Galileu Galilei, Leonardo da Vinci e Nicolau Maquiavel. O desafio era fazer posts e comentários que revelassem características do período e dos próprios personagens, mas associando tudo ao contexto tecnológico atual – o que, segundo o professor, “atende a um dos objetivos da História, que é usar o passado para pensar o presente”.
“Meu objetivo com o trabalho do Renascimento no Facebook era transformar os estudantes em sujeitos do próprio aprendizado. Muito se fala sobre essa meta final, mas é preciso método para chegar lá. Qualquer modus operandi que eu venha a escolher observa necessariamente três regras: (a) respeitar os saberes dos estudantes e trazê-los para dentro da sala de aula; (b) permitir a produção de conhecimento autônomo com participação proativa delas e deles; (c) estimular o máximo possível os sentidos por meio da imagem ou do áudio, por exemplo. A rede social faz um pouco de cada uma dessas coisas. É um saber que o estudante domina, uma ferramenta na qual é artífice e uma linguagem que comporta todo tipo de expressão audiovisual. Depois de quase um ano dessa primeira experiência, pouca coisa sobrou de material, porém muito se construiu em suas formações.”
Para saber mais, você pode ler a entrevista que publicamos com o professor neste link.
WhatsApp para a aula de Redação
Buscando desenvolver a capacidade argumentativa dos alunos de uma maneira eficiente e prazerosa, o professor Nilson Douglas Castilho, que dá aulas de redação e Língua Portuguesa no Colégio Marista de Londrina, a  381 km de Curitiba, realizou um ótimo experimento envolvendo o WhatsApp. O trabalho foi feito com seis turmas do 8º e 9º anos.
“Com a ajuda da analista de tecnologia educacional do colégio, criei um grupo de discussão no WhatsApp para cada turma. Ali eu lançava um novo tema de atualidades a cada quinze dias para que os alunos pudessem discorrer a respeito. Era obrigatório que usassem pelo menos um argumento. Eles também postavam vídeos e links de outras matérias relacionadas que enriqueciam a discussão. Depois do debate via WhatsApp, os alunos produziam um texto sobre o tema. Tanto as discussões quanto a escrita da redação eram feitos no contraturno. Na aula, eu selecionava alguns comentários para discutirmos juntos. A avaliação foi contínua e envolveu o processo como um todo, tomando como base os comentários enviados. Também trabalhamos bastante em cima dos erros: quando algo requeria atenção, víamos isso em aula. É importante dizer que em nenhum momento exigimos que os alunos adquirissem um celular: escolhemos trabalhar com o WhatsApp porque todos eles já tinham celulares e usavam o aplicativo com a autorização dos pais. Percebi que as turmas passaram a se esforçar bem mais para escrever bons textos e o grupo criou condições para que todos participassem mais. O WhatsApp não substitui a participação na sala, mas expor seus argumentos por escrito antes fez com que eles ganhassem mais confiança e estímulo para apresentar suas ideias em voz alta na sala. E isso tudo refletiu em seu desempenho: o número de alunos em recuperação caiu 50%.”
Tem mais sobre essa história aqui.
Instagram histórico
Eu já falei do professor Eric Rodrigues neste post. Ele foi o criador de um sistema espetacular de ensino híbrido na EM Emílio Carlos, no Rio de Janeiro, onde dá aula de História. Recentemente, ele desenvolveu com sua turma do 9º ano um projeto utilizando o Instagram. Eis o que contou para o blog:
“Já que os alunos estão lidando com temas curriculares ligados ao século 20 na disciplina de História, uma rede social voltada às imagens e às fotografias pareceu extremamente válida para desenvolver um projeto que permitisse aliar pesquisa e análise de um período histórico em que os registros visuais ganharam força. Além disso, o fato de que os alunos deveriam procurar, baixar ou compor as imagens para publicar em suas contas pessoais gerou uma dimensão importante de apropriação do tema. A proposta consistiu na apresentação de imagens que pudessem dialogar com o tema Holocausto, a ser repassada para o professor e a turma. Era importante que os alunos buscassem conhecer um pouco mais da realidade dura desse evento histórico a partir dos registros da época ou mesmo criassem mosaicos, desenhos ou colagens que expressassem parte do que viveram os judeus sob o jugo do governo nazista. Pelas postagens, essa perspectiva foi apreendida. Utilizando a hashtag #1901holocausto e divididos em 8 grupos de trabalho, os alunos realizaram 22 publicações que vão de imagens dos espaços internos dos campos de concentração às pilhas de objetos pessoais deixados pelos judeus assassinados, junto com pequenas legendas que permitiram compreender que olhar e informações eles tinham obtido daquela pesquisa. A conscientização e o engajamento da turma em entender e repudiar práticas como o genocídio confirmaram a validade do projeto e as vantagens de utilizar registros históricos por meio de uma rede social”.
Veja a produção dos alunos no link da hashtag #1901holocausto no Instagram.
YouTube e produção audiovisual
Roseli Cordeiro Cardoso, professora e membro da equipe técnica de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, é uma das responsáveis por um programa que treina professores da rede estadual para trabalhar obras literárias com os alunos usando produções audiovisuais. Ela participou de um bate-papo na Geekie para falar sobre o projeto e discutir o uso de tecnologias simples no dia a dia da escola. O vídeo está disponível aqui e vale ser assistido. Eis o  relato dela:

“O projeto Mediação e Linguagem, criado em 2014 e em continuidade em 2015, tem por objetivo propor para alunos e professores a transposição das obras literárias para a linguagem do vídeo, do cinema e do podcast, por meio de orientações técnicas a distância (no formato de videoconferência), que contribuem para o letramento digital. A partir da formação, eles escolheram uma obra literária, que tinha sido trabalhada em sala de aula, e a adaptaram em um roteiro para curta de animação ou podcast (radionovela). Os trabalhos foram postados no Youtube, publicados em blogs e exibidos em Mostras Virtuais da SEESP. O projeto foi bastante significativo, pois com ele alunos e professores puderam anular as barreiras de sala de aula, que muitas vezes dificultam o ensino e a aprendizagem. Desde o momento da criação do roteiro até a finalização do audiovisual, eles se transformaram em colaboradores, trabalhando com o objetivo de se apropriarem da obra literária de forma prazerosa e interativa. Foi uma grande experiência para todos!”.
Claudio Sassaki
Fonte: Revista Nova Escola

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